segunda-feira, 25 de abril de 2011

Adaptação X Transmedia X Transmedia Storytelling - Parte I

Adaptação X Transmedia X Transmedia Storytelling - Parte I


A pretensão aqui não é definir o que é exatamente nenhum destes conceitos. Como bons elementos da pós-pós-modernidade, ou seja lá como vai chamar o tempo histórico que nós vivemos, eles são efêmeros, mutáveis, flexíveis e por aí vai.

Já li em alguns blogs que Transmedia Storytelling não é exatamente uma coisa muito nova. Eles alardeiam: A Bíblia já era transmedia storytelling! Hein?

Bem... os argumentos para isso são bem contundentes. A Bíblia (Antigo Testamento e Novo Testamento) traz um si a construção de um universo complexo, onde diversas histórias se desenvolvem. Elas possuem diversos elementos que hoje utilizamos para a concepção de uma nova série animada para a TV, por exemplo.

Como? Vamos lá. O universo complexo, como eu já falei: expectativas messiânicas, perseguição romana, acontecimentos místicos. Tudo isto compõe a diegese (estou usando este termo para deixar o Ruy Guerra orgulhoso) onde os judeus atravessarão o Mar Vermelho a pés enxutos, ou Jesus Cristo irá multiplicar o pão, ser crucificado e ressuscitar no terceiro dia. É por tanto um universo que possui unidade e possibilita o desenvolvimento de diversas histórias nele. Cabe ressaltar que todas elas possuem uma estrutura narrativa mitológica exemplar. Não fosse assim, não teriam durado até os dias de hoje. Eis a força de uma história bem contada.

Mas voltando a nossa questão, outro elemento presente nas histórias da Bíblia e que também é recorrente nos atuais transmedia storytelling contents é a subjetividade, eleita por Henry Jenkins como um dos 7 princípios nucleares do transmedia storytelling.

Exemplo? Pense nos 4 Evangelhos. Neles, cada um dos autores conta suas versões dos fatos sobre a passagem de Jesus pela Terra. Alguns acontecimentos são retratados em mais de um autor, inclusive. Mas cada um deles, embora rodeando a mesma ação dramática, apresentam características próprias.

Dei aqui dois exemplos – a complexidade do universo bíblico e a subjetividade - , mas tenho certeza que podemos encontrar muito mais.

Ei! Então os tais blogs estão certos!

Na minha humilde opinião, nem tanto. A Bíblia apresenta certas características comuns ao transmedia storytelling. Com a exceção de uma. Justamente aquela que diferencia esta modalidade de contar histórias das demais: o fato de ser transmedia!

A Bíblia apresenta todo seu conteúdo em um livro. Esta é a mídia que ela utiliza e somente esta. Os discursos que padres, pastores e teólogos fazem em cima do que está escrito na Bíblia não fazem mais parte dela. O livro sagrado cristão, em termos de conteúdo, termina no Apocalipse.

Portanto, embora seja uma excelente fonte para nós roteiristas da Era de Aquarius pesquisarmos, a Bíblia não é um conteúdo de transmedia storytelling.

No próximo post: E adaptação? Não seria uma forma de transmedia storytelling?


Adaptation x Transmedia x Transmedia Storytelling – Part I

We do not intend to define exactly what each of these concepts mean. As any good post-modern element – or whatever name we chose to give to the era we’re living in – these concepts are changeable, flexible, so on and so forth.

I’ve read in some blogs that Transmedia Storytelling is not exactly a new concept. They warned us: “The Bible was already Transmedia Storytelling.” Say, what?!

Well… Fact of the matter is they have damn good arguments to prove their points. The Bible contains an extremely complex universe where the stories develop. These stories carry many elements that nowadays would be used, for example, in a new animated TV series.

How? I’ve already talked about the complex universe. Messianic expectations, Roman persecutions, mystical phenomena. All this results in the plot where Jews can cross the Red Sea without getting their feet wet, or Jesus Christ multiplying bread, dying on the cross and resuscitating three days later. It is, therefore, a universe that contains unity and allows the development of such stories. It is also important to notice that all of these stories carry an exemplary mythical structure. If it weren’t for that, these stories wouldn’t survive until now. And that, my friends, is the power of a well told story.

Another element present in Bible stories and that can also be found in contemporary examples of transmedia storytelling contents is subjectivity, chosen by Henry Jenkins as one of the seven core concepts of transmedia storytelling. Example? Think of the four Gospels. Each author tells their version of the facts about Jesus Christ’s passage on Earth. Some of these events appear in more then one Gospel. But each one, even though they have the same dramatic action, shows specific characteristics.

I have given two examples, but more can be found, for sure. For example, Henry Jenkin’s concept of performance!

Hey! The blogs were right!

In my humble opinion, not really. The Bible shows certain characteristics common to transmedia storytelling. With one exception. The exact one that differentiates this type of storytelling from any other: the fact that it is, ta-da, transmedia!

The whole content of the Holy Bible is all in one book. That’s the media the Bible uses, and only that. Speeches and interpretations priests, pastors and theologians make of the Bible do not belong in it. The Holy book finishes on its last page.

Therefore, even though the Bible is a great resource for us , the story tellers of the the Age of Aquarius, we can not call it transmedia storytelling content.

And, on our next post: what about Adaptations? Are they a manifestation of Transmedia Storytelling?

segunda-feira, 18 de abril de 2011

7 Conceitos de Henry Jenkins para Transmedia Storytelling


Por enquanto, vamos colocar aqui a tradução com direito a algumas palavras adaptadas e outras inventadas. Mas, mais posts virão.

Potencial de Compartilhamento X Profundidade

A habilidade e grau que o conteúdo tem de ser compartilhado e a motivação do espectador em compartilhar o conteúdo versus a habilidade do espectador de explorar profundamente o conteúdo que ele encontra quando esbarra numa ficção que prende sua atenção.

Continuidade X Multiplicidade

Algumas franquias transmídias mantêm uma coerência continua para que possa haver plausibilidade máxima em todas as extensões de conteúdo. Outros corriqueiramente usam versões alternativas dos personagens ou universos paralelos das suas histórias para mostrar maestria sobre o conteúdo apresentado.

Imersão x Extração

Na Imersão, o consumidor entra num universo da história (ex: parques temáticos), enquanto em se falando de potencial de extração, os fãs levam consigo aspectos da história como recursos que eles utilizarão em espaços do seu dia-a-dia (ex: produtos da loja do parque)

Construção de Universos:

Extensões transmedia. Muitas vezes elementos não diretamente relacionados à narrativa principal, que dão uma descrição mais rica do universo onde a narrativa principal se desencadeia. Franquias podem explorar tanto o universo digital quanto experiências reais. Essas extensões muitas vezes levam os fãs à catalogarem e capturarem elementos díspares.

Serialidade

Transmedia Storytelling pegou a idéia de se quebrar o arco narrativo em pequenos e discretos pedaços ou instalações dentro de uma única mídia e transformou isso na idéia de espalhar esses pedaços de história em diversas plataformas.

Subjetividade

Extensões transmedia muitas vezes exploram o conflito central através de outros olhares, como, por exemplo, os de personagens secundários ou pessoas de fora. Essa diversidade leva os fãs a considerarem mais cuidadosamente quem está contando a história e por quem eles falam.

Performance

A habilidade que as extensões transmídia têm de levar os fãs a produzirem performances que podem acabar se transformando em parte do transmedia storytelling em si próprias. Algumas performances são por convite do criador do conteúdo, mas nem sempre. Muitas vezes os fãs procuram ativamente espaços para potenciais performances.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

O Novo Mortal Kombat e suas ações de Transmedia

O Novo Mortal Kombat será lançado para PS3 e Xbox360 no dia 19 de abril. A Warner, detentora dos direitos da franquia em todas as mídias, tem feito uma série de ações para aquecer os fãs antes do lançamento do game.

Diversos conteúdos, com destaque especial para vídeos, estão sendo lançados na internet. Os vídeos vão desde piadas sobre os famosos fatalities do jogo, até um clipe sexy de cosplay com as principais personagens femininas da série.


Mas, o que me chamou a atenção mesmo, foi a websérie, batizada de Mortal Kombat: Legacy. Dirigida por Kevin Tancharoen, Mortal Kombat: Legacy, traz uma versão mais "real" do universo do game.

A versão oficial é que Tancharoen fez um curta (que você pode assistir neste link) para chamar a atenção da Warner. E então vendeu a idéia para a empresa. Um pouco estranho isso, né? Mas, tudo bem...

A questão é que a série oficial lançou seu primeiro episódio e já está fazendo sucesso na web. O que mais impressiona é a qualidade da produção.

É um exemplo de como a produção transmídia é algo extremamente benéfico para as produtoras de conteúdo. A série está não só reforçando o interesse pela franquia (que tem os games como principal produto), como está colocando no mercado mais um produto derivado daquele universo.




E este é o link do canal no Youtube onde há vários conteúdos do novo Mortal Kombat.


The New MORTAL KOMBAT and its Transmedia actions.

The new Mortal Kombat will be launched for PS3 and Xbox360 on April 19th. Warner Bros, who own all the franchise’s rights, in every media, have been doing lots of awesome stuff to warm up the fans before the official launching of the game.

Many contents, with special attention to videos, are being launched online. The videos range from jokes about the famous ‘fatalities’ of the game to a sexy video of Cossplay with the main female characters of the game.

But what most called our attention was the their webseries, called Mortal Kombat: Legacy. Directed by Kevin Tancharoen, Mortal Kombat: Legacy brings a more “realistic” game universe.

As far as the official version of the story goes, Tancharoen made a short film (available at this link) to call Warner’s attention. And then sold the idea to the studio. A little odd, no? But, well, ok.

Fact of the matter is the first episode of the series has already been launched and is a big hit on the web. And the most impressive about it is its high quality production.

It’s a clear example of how helpful transmedia production can be for content producers. Not only does the series reinforce the interest on the franchise (which have in the games their most important product), it also puts another of the franchise’s product on the market.