sexta-feira, 18 de junho de 2010

Netflix - Convergência TV + VIdeo Game

Que o Nintendo Wii é o video game oficial dos geeks todo mundo sabe. Agora, o que poucos sabem, principalmente por aqui no Brasil, é a da capacidade de convergência que este console tem.

Os Wii Channels oferecem softwares que, em geral, parecem bem inúteis. Mas, quem já ouviu falar de Netflix?

Pois bem, o Netflix é um serviço (que só está disponível nos US) de locação de filmes e séries via streaming. Você liga seu Nintendo Wii na TV normalmente. Acessa o Netfix e, pagando uma mensalidade de 9 dólares, assiste ao filme ou à série que você desejar. É, praticamente, a TV On Demand que nós tanto sonhamos na vida.

A idéia é similar a Apple TV, a diferença é que, com o aparelho da maçã, você compra determinado conteúdo e o armazena onde bem entender (no HD, no pen drive, em um DVD). É por isso que os valores são tão altos (3 dólares por um episódio de Sopranos???). No Netfix não. O vídeo é assistido via streaming, ou seja, ele não é baixado para seu querido console. Mas você pode assistir quantas vezes você quiser, na hora que você quiser, por míseros 9 dólares mensais... Basta ter uma conexão Wi-fi por perto.

E então eu me pergunto: quando é que este tipo de serviço vai chegar por aqui? Vocês já pensaram quantos empecilhos temos impedindo que isto ocorra? Eles são legais, comerciais, políticos... Resta torcer para que a cultura de convergência e a comunicação universal se instalem de vez nas redes das terras tupiniquins.

Enquanto isto você pode assistir à propaganda do Netfix. É bem divertida.


quarta-feira, 9 de junho de 2010

Mais de Henry Jenkins

Mais um pouco do guru falando sobre a importância da TV no universo transmídia. Esse é bem curtinho.

domingo, 6 de junho de 2010

Franquias

Sábado saiu uma reportagem no Segundo Caderno do Globo falando sobre a preferência de Hollywood em investir em filmes baseados em algum conteúdo pré existente. Por exemplo, os heróis dos quadrinhos, o game Prince of Persia, os livros do Harry Potter, etc.

Na verdade, isso acontece desde sempre. Peças de teatro e livros sempre foram matéria prima para se fazer filmes. Aqui mesmo no Brasil, boa parte dos roteiros são baseados em obras literárias: Carandiru, Cidade de Deus, A Ostra e o Vento, O Auto da Compadecida. Uma infinidade.

Então, na verdade, o que há de novo nesse movimento dos estúdios americanos em procurarem personagens e histórias que possam gerar bons lucros a partir de produtos licenciados?

Obviamente, o Homem-aranha oferece boas possibilidades para desenvolver isto. Você pode lançar o filme, junto com umas camisetas e uma penca de bonecos, chaveiros, canecas. Como diz a reportagem, George Lucas ensinou este plano de negócios com Star Wars. E então tornou-se comum a pessoa sair do cinema e comprar um souvenir de sua experiência fílmica.

Mas alguma coisa mudou. O que os produtores americanos procuram agora são roteiros com potencial de expansão para outras mídias além da tela do cinema. Ou seja, não basta o espectador assistir a um filme e depois tomar café na sua caneca espacial. A capacidade de lucro de uma caneca é muito menor do que, por exemplo, a de um game. E, muito além disso, a caneca não reforça a franquia do filme. Ela depende dele. Dificilmente, alguém que não viu determinado filme, vai se interessar em comprar sua caneca. Mas o consumidor pode jogar o game e então resolver assistir o filme, para depois comprar produtos licenciados. Ou pode ver uma websérie para compreender melhor a história no cinema. Ou pode ver filme, game, desenho animado, e depois comprar produtos e se pintar de azul para defender a natureza.

Quer dizer que, mais do que marcas e personagens consolidados, os produtores americanos estão buscando histórias capazes de construir um universo próprio que possa gerar narrativas múltiplas, atingindo setores diversos do mercado de entretenimento.

Alguém assistiu Piratas do Caribe porque sabia que era baseado em um brinquedo da Disney World? Acho que não. Mas todo mundo comprou bonecos e games do filme, porque o Jack Sparrow é uma figura, porque o ambiente do filme é envolvente.

E o Avatar? Produção original, com orçamento altíssimo, que apostou na capacidade de transpor o espectador para dentro de seu mundo. Por isso a versão do 3D funciona muito mais para que você se deslumbre com Pandora do que propriamente vibre com objetos que parecem voar na sua cara.

Existe algo mais transmídia do que ambientalistas se pintarem de azul e saírem pelo mundo protestando contra o desmatamento?

Matrix é outro excelente exemplo de conteúdo que se espalhou através de diferentes narrativas.

Certamente, ainda existe uma preferência por conteúdos estabelecidos na hora de se colocar grana em uma produção. Há a crença de que isto é uma espécie de garantia de que o filme não pode dar tão errado. Mas isto sempre aconteceu. A grande novidade do cinema americano é investir em material que possa se desdobrar para outras telas, gerando novos lucros, e reforçando os demais.

Ainda na reportagem do Segundo Caderno, estima-se que apenas 30% dos lucros de um filme americano de franquia venham da bilheteria do cinema. Quando é que nós aqui vamos entender que, para que o cinema se torne uma indústria, é preciso que ele gere grana e que a bilheteria não é a única forma de consegui-la?

Realmente não temos dinheiro para fazer um Avatar tupiniquim, mas é preciso pensar em projetos audiovisuais com potencialidade de expansão. E, claro, explorar esta potencialidade.